Trabalho Final






Disciplina: Diplomática e Tipologia documental
Professor Dr.: André Porto Ancona Lopez
Alunas: Letícia de Farias 14/0025367
Lorena Oliveira 14/0025791
Nathaly Cristine Leite 14/0048499
Thailine Leite 14/0032070


TRABALHO FINAL 

OBJETIVO: 
O trabalho final da disciplina tem como objetivo demonstrar como se deu, no decorrer da matéria, a produção do Blog Salus e da Oficina, dentro do documento escolhido pelo grupo, a bula de medicamentos. Observando a  importância das mesmas através da análise diplomática e tipológica dos documentos, o seu histórico e sua normatização no Brasil, seus sinais de validação e dificuldades antes da obrigatoriedade da mesma. Observaremos o contexto de produção das bulas dentro da indústria farmacêutica e como se dá o relacionamento com a Anvisa.


RESUMO: 
Diplomática e Tipologia documental é uma disciplina do curso de Bacharelado em Arquivologia pela Universidade de Brasília, no qual nos permite o conhecimento do documento, suas características intrínsecos e extrínsecos, bem como suas inter-relações. Durante o decorrer da matéria realizamos atividades, que foram registradas na plataforma blog, e a oficina, no qual aplicamos o conhecimento adquirido fazendo as análises propostas pela Diplomática e Tipologia documental em um documento do nosso dia-a-dia.


INTRODUÇÃO:
A arquivologia, segundo o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (2005), é a disciplina que estuda as funções do arquivo e os princípios e técnicas a serem observados na produção, organização, preservação, utilização e guarda dos arquivos e também é chamada de arquivística. A disciplina, segundo LOPEZ (2012, pág. 22) permitir compreender, de modo sistemático, através de método específico, as características básicas e essenciais dos documentos. A diplomática tem suas origens relacionadas à identificação e à averiguação da autenticidade de documentos, por meio da análise exaustiva das características externas dos documentos (tipos de papel, tintas, sinais de validação e outros aspectos) e dos modos de escrita (conteúdo e disposição das informações, tipo de letras, linguagem, abreviaturas e outras características). (LOPEZ, 2012, pág. 22). E a tipologia documental é responsável por permitir a compreensão do documento identificado pela Diplomática (espécie) dentro da organicidade do arquivo. (LOPEZ, 2012, pág. 25)

DESENVOLVIMENTO DO BLOG:
Todas as atividades da disciplina, além da oficina, foram desenvolvidas em meio a uma nova forma de aprendizagem, proposta pelo professor André Lopez (2011) por meio do blog, onde está registrado e disponível todas as atividades produzidas pelo grupo no decorrer do semestre. Criamos o blog http://arquivoesaude.blogspot.com.br/ intitulado Salus – Arquivo, Saúde e Fraude (Análise de documentos relacionados à área da saúde, examinando por meio da diplomática e da tipologia).

Foi proposto pelo professor André a escolha de um documento para ser analisado diplomática e tipologicamente. A bula de medicamentos é um documento legal sanitário possuidor de informações técnico-científicas e orientadoras sobre medicamentos, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Por ser um instrumento de suma importância para compreensão e uso dos medicamentos, tanto para pesquisadores da área, médicos e pacientes, esta segue requisitos tipológicos e diplomáticos em sua formação.

Pensando nisso, nosso blog tem como escolha de documento para chamarmos de “nosso” a bula de medicamentos. A priori, procuramos esquadrinhar o histórico do uso de bulas de medicamentos, seu histórico de regulamentação, quando passou a ser normatizada, seus marcos regulatórios no Brasil e suas transformações. Buscamos compreender a relação da Anvisa com as empresas produtoras/importadoras de medicamentos ao mesmo tempo que as normatiza e as indústrias farmacêuticas como produtora arquivística do documento. A respeito dos preceitos da diplomática e da tipologia, buscamos explorar o trâmite, como se dá a formação do documento, as suas características extrínsecas e intrínsecas, os seus sinais de validação em sua composição, ressaltando a importância do conhecimento a respeito das bulas de medicamento para os usuários de medicamentos e os perigos da falta de conhecimento a respeito.

Em relação ao embasamento teórico e metodologia para cada apontamento citado, a respeito das normas, utilizamos a legislação brasileira e normas da Anvisa para a composição do documento. No tocante à diplomática e a tipologia, adotamos a tese de Rosa Maria Gonçalves Vasconcelos “Análise tipológica dos registros videográficos masteres das sessões plenárias do Senado Federal”, a qual analisa-o arquivísticamente a proveniência, o contexto de produção do documento de sua tese, verificando a tramitação, o desenvolvimento diplomático e tipológico do documento, a disposição de suas informações e sua materialidade e esquematizando o fluxo da informação documental e utilizamos outros autores detentores do conhecimento a respeito das práticas em relação aos documentos contemporâneos, como Luciana Duranti e Lopez.


DESENVOLVIMENTO DA OFICINA:

Nossa Oficina de Diplomática e Tipologia Documental ocorreu no dia 17 de junho de 2016.

Estande do Grupo Salus - Arquivo, Saúde e Fraude

As pessoas ao observarem nossa oficina, se deparavam, curiosas e já associavam a algum evento relacionado à área da saúde. Ao falarmos que pertencia à área de Arquivologia as pessoas se mostravam ainda mais impressionadas, aproveitávamos então para apresentar ao público tal relação do curso e do documento escolhido.
Iniciamos apresentando ao público:

  •          O que é a Arquivologia
  •          Bula de medicamentos também pode ser um documento
  •          A Diplomática e a Tipologia documental


Nossos primeiros visitantes no dia da Oficina

A arquivologia, a qual segundo o Dicionário Brasileiro em Terminologia em Arquivística, que tem como objeto o conhecimento da natureza dos arquivos e das teorias, métodos e técnicas a serem observados na sua constituição, organização, desenvolvimento e utilização, estudando assim o documento de arquivo e sua organicidade.

A bula de medicamentos a qual é um documento legal sanitário que serve para obter informações e orientações sobre medicamentos necessárias para o uso seguro e tratamento eficaz. Como os demais documentos, esta segue normas em sua estrutura para assim ser como de fato é e está aplicado em algum contexto. A Diplomática possui enfoque justamente nessa primeira parte, pois é a Disciplina que tem por objeto a estrutura formal e autenticidade do documento e a Tipologia Documental é responsável pela segunda parte “ (...) permitir a compreensão do documento identificado pela Diplomática (espécie) dentro da organicidade do arquivo”. (LOPEZ, 2012)

Assim, seguimos mostrando em relação ao em nosso Documento de Arquivo.

  • Aplicação da Diplomática
  •  Mudanças na Bula de Medicamentos

Reforçamos que há diferentes bulas de medicamentos: a bula de medicamentos para o profissional, a voltada para o paciente, ainda, como por exemplo, as bulas de padrão de informação, as bulas em formato especial, para portadores de dificuldades visuais e auditivas. Em nossa oficina focamos na bula de medicamentos voltada ao paciente


A bula de medicamentos segue regulamentações em sua estrutura, para ser uma bula autêntica ela deve seguir o que é disposto pela a Agência Nacional de Vigilância Sanitária na resolução - RDC N° 47, de 8 de setembro de 2009, essa estabelece regras para elaboração, harmonização, atualização, publicação e disponibilização de bulas de medicamentos para pacientes e para profissionais de saúde. 

Antes de tudo, a bula teve um longo histórico de regulamentação. O processo regulatório brasileiro da bula de medicamento teve início em 1946, quando o Ministério da Saúde editou o Decreto n. 20.397 que regulou as indústrias farmacêuticas, esse decreto passou a regulamentar as informações para compor a bula de medicamento. Em 1959, o Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia publicou a Portaria n. 49, regulando a apresentação e o exame de rótulos e bulas de produtos farmacêuticos, essa Portaria complementa o Decreto n.20.391/46. Em 1984, a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, tornou-se responsável pela regulação específica das informações a serem contidas numa bula de medicamento, e nesse ano foi instituída a Portaria n. 65, que pela primeira vez possuiu um roteiro para as bulas de medicamentos com registro aprovado pela secretaria, esse roteiro, estruturado em quatro partes, continha: (I) Identificação do Medicamento; (II) Informação ao Paciente; (III) Informação Técnica; (IV) Dizeres Legais. Em 1997, a Secretaria de Vigilância Sanitária reeditou a norma por nova Portaria n. 110, mantendo a mesma estrutura e conteúdo originais, modificando poucas coisas. 

Anteriormente à construção da ANVISA, publicações eram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, pelo Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, e pela Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária, a legislação do conteúdo da bula era generalizada, não fazendo distinção quanto aos tipos de medicamento ou de usuários. No ano de 2001, com a Consulta Pública n.95, coordenado pela ANVISA, demarca uma mudança na forma de regulação praticada até aquele momento. Em seu website oficial, a ANVISA esclarece que, antes da publicação de uma nova norma, resolução ou regulamento, realiza uma consulta à população para saber sua opinião sobre a questão, para que o cidadão possa conhecer os assuntos que estão sendo debatidos na Agência e expressar sua opinião a respeito por meio do website. Em 2002 houve uma nova Consulta Pública de n.2. Em 2003, a ANVISA elaborou e publicou a Resolução-RDC n. 140, mais ampliada e específica quanto ao conteúdo em relação aos quatro dispositivos jurídicos publicados entre 1946 e 1997, descrevendo como as informações em cada item da estrutura da bula deveriam ser redigidas. 

Em janeiro de 2009, a ANVISA realizou a Consulta Pública n. 1, 2009, para que fossem apresentadas críticas e sugestões relativas a uma nova proposta de Resolução para a bula de medicamento, que foi publicada em setembro do mesmo ano, a Resolução-RDC 47/09, que hoje regulamenta as bulas de medicamentos. Logo, com a resolução vieram as mudanças. E é aí que a Diplomática entra em cena! Assim expomos em um banner a sua estrutura fizemos a análise Diplomática (como os sinais de validação, o suporte, a forma, formato, entre outras) de nosso documento. Veja a seguir:

Banner apresentado na Oficina
Estrutura da bula de medicamentos para o paciente
Para reforçar a análise diplomática da bula de medicamentos e a análise tipológica foi entregue aos nossos visitantes um folder com tais conceitos. 



Fiquem atentos! Para nossos visitantes ficarem de olho na bula de seus medicamentos mostramos a eles uma bula comercializada atualmente que não possui um sinal de validação importantíssimo: A data de aprovação e descrição de que que foi aprovada pela a Anvisa, tornando assim o documento não autêntico. 

A resolução da Anvisa citada acima foi formulada através de uma consulta pública ocorrida em 2009, onde a população expôs quais mudanças na bula de medicamentos desejavam que houvesse. Observe o quanto a Bula já mudou:




Nessa parte focamos nos pontos:
  • Análise Tipológica
  • Bula do “medicamento” Diplomatip
Em relação a aplicação da Tipologia Documental, para elucidar um contexto em que a bula de medicamentos é um documento arquivístico de guarda permanente, criamos uma bula de medicamentos do nosso medicamento chamado DIPLOMATIP e indústria farmacêutica fictícia: a Indústria Farmacêutica Salus (Qualquer semelhança é mera coincidência). Assim, expomos, através de um fluxograma feito no Bizagi, o trâmite do documento desde a sua produção ate seu arquivamento no fundo do produtor, a indústria farmacêutica.


Criamos então um medicamento ilustrativo, com uma bula contextualizada na matéria que nos serviu como lembrancinha para os visitantes.





Ressaltamos que a bula de medicamentos que criamos não é autêntica e a diplomática explica isso pois ela não pertence a um medicamento efetivamente, não segue o trâmite que uma bula de medicamentos, não possui os sinais de validação que uma autêntica deve seguir.

Para testarmos se nossos visitantes haviam entendido a estrutura da bula de medicamentos, levamos a dinâmica de montarem a nossa bula com base na estrutura apresentada acima. 

Participante montando a estrutura da bula de medicamentos
Também desenvolvemos a oficina virtual(confira aqui) para quem não pôde estar presente no dia da oficina presencial. Para essa elaboramos um quebra-cabeça da bula de medicamentos do DIPLOMATIP para reforçarmos como vem a ser a estrutura formal da bula de medicamentos.

CONCLUSÃO:

Com o decorrer da matéria, a realização das atividades e o entendimento de conceitos arquivísticos, da Diplomática e da Tipologia Documental, foi possível compreender que estes conceitos estão presentes em diferentes áreas do conhecimento e atuação do ser humano em que há a presença de documentos de arquivo, assim sendo necessário compreender o contexto do documento, a sua organicidade em meio às atividades do produtor, aferir a autenticidade do mesmo e sua tramitação, por exemplo. Ao escolhermos a área da saúde foi possível ver na prática estes conceitos ao optarmos por um documento facilmente identificável pela população, mas de fato pouco conhecida as suas características, sua estrutura e importância.


Um exemplo notável sobre a efetividade do nosso aprendizado sobre o conteúdo da disciplina foi descobrirmos, em meio às nossas pesquisas a respeito da Bula de Medicamentos para a Oficina de Diplomática e Tipologia Documental, uma bula de medicamentos diplomaticamente incompleta de um medicamento que é comercializada atualmente. Esta disciplina nos deu a oportunidade de aplicar e entender conceitos e considerações importantes não somente para nós como graduandas de arquivologia, mas, também, relevante à população em seu cotidiano.

MAIS REGISTROS FOTOGRÁFICOS DO DIA DA OFICINA:




Grupo Salus (Da direita para a esquerda: Lorena, Thailine, Letícia e Nathaly)

REFERÊNCIAS:

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